Após a repercussão negativa de seu artigo em que defendia separar o país do Nordeste como uma das soluções para a polarização política, inclusive citando meios para isso, como plebiscitos, o prefeito Vittorio Medioli (sem partido) publicou um novo texto nesta tarde dizendo que “tinha a intenção, não compreendida e, também, não tão clara como deveria ter sido, de, no fundo, fazer uma análise e até mesmo um alerta para a sociedade, que, fragmentada em dois lados antagônicos, começa a desenterrar ideias que já existiram em nosso país, como a separação entre as regiões que compõem o território nacional”.
“Em momento nenhum tive a intenção de ser preconceituoso e, se me fiz entendido dessa forma, venho demonstrar minha completa tristeza por ter passado esse tipo de mensagem para uma única pessoa que seja”.
Medioli disse que “falava do sentimento de uma parte da população, moradora de regiões fora do Nordeste, que estão reagindo mal ao resultado das eleições”. O político explicou que quando comparou a vantagem de Lula sobre Bolsonaro na Bahia, tinha a “intenção apenas de demonstrar a dicotomia presente no eleitorado, e não de dizer que somente os baianos foram os responsáveis pelo resultado das urnas”.
“Eu me expressei mal e fui infeliz na utilização dos termos”.
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Entenda
No domingo (6), Vittorio Medioli escreveu um artigo no jornal “O Tempo” – veículo do qual é proprietário – afirmando que se espalha a ideia de uma “divisão territorial, por meio de um divórcio consensual”. Ele dividiu o país em dois lados, “um que produz mais e arrecada impostos, e outro, paradoxalmente mais carente, que vive das transferências”. Na semana anterior, o político já havia dado declarações xenofóbicas e elitistas sobre o resultado do 2º turno.
Nesta segunda-feira (7), o texto de Medioli ganhou repercussão e gerou muitas críticas na internet. A deputada estadual Andréia de Jesus (PT) disse, mais cedo, que iria “protocolar um Requerimento na Comissão de Direitos Humanos da ALMG [Assembleia Legislativa de Minas Gerais] para que Medioli responda por essa fala criminosa”.
Quem é Vittorio Medioli
Nascido em Parma, na Itália, Vittorio Medioli tem 71 anos e cursou Direito e Filosofia. Mudou para o Brasil em 1976, onde se naturalizou brasileiro cinco anos mais tarde. Segundo o TSE, seu patrimônio declarado em 2020 foi de R$ 351.724.386,81. Fundador do Grupo Sada, com atuação nos setores de logística, fabricação de autopeças, concessionárias, siderurgia e de geração de energia.
Além disso, Medioli também tem forte influência nas comunicações, possuindo o controle da Sempre Editora, responsável por uma rádio na Grande BH (Super Notícia FM) e pela publicação dos jornais “Super Notícia” e “O Tempo” – este último com uma versão semanal distribuída gratuitamente em Betim.
Na política, foi deputado por 16 anos, passando pelos partidos da Social Democracia Brasileira (PSDB), Verde (PV), Humanista da Solidariedade (PHS), Podemos (Pode) e Social Democrático (PSD). Está sem partido desde 2021.
Antes de disputar o governo em Betim, Medioli apoiou a candidatura de Carlaile Pedrosa (PSDB), em 2000. Pedrosa também venceu as disputas em 2004 e 2012.
Em 2016, como candidato ao Executivo, foi eleito com 61,64% dos votos válidos em primeiro turno. Já em 2020, foi reeleito com 76,34% dos votos, também em 1º turno. Na Câmara, quase todos os vereadores são aliados, inclusive de partidos antagônicos no espectro político nacional, tais como PCdoB e PSL (agora União).
Em abril de 2022, tentou angariar apoio para se lançar candidato ao governo estadual, mas não obteve sucesso.