O secretário adjunto da Saúde de Betim, Augusto Viana, disse que estamos vivendo um dos momentos mais difíceis desta pandemia, e pediu atenção aos jovens, que passaram a ser o grupo com o maior número de casos de Covid-19 na cidade. As declarações foram dadas na noite desta terça-feira (23), para o portal Gira Betim.
“Hoje nós sofremos uma grande pressão nos serviços de saúde, tanto no privado quanto no público. Nós estamos vivendo a maior demanda desde quando começou a pandemia”, alertou.
Na opinião do secretário, a explosão de casos das últimas semanas em Betim pode ser explicada por sua posição geográfica e a grande circulação de pessoas entre os municípios da Grande BH. “A transmissão vem, principalmente, dos grandes centros para os menores. Há influências das rodovias que nos cercam, de um aeroporto próximo da gente, de uma base industrial, em que os trabalhadores circulam por diversas cidades, e o perfil da nossa população, que transita pelas cidades. No nosso entendimento, contribuiu e muito para a circulação do vírus em Betim”, disse.
Augusto Viana chamou atenção para o número de casos em pessoas jovens, atribuindo às novas variantes do coronavírus, que são mais transmissíveis. “Boa parte dessas variantes já circulam desde o início da pandemia, mas algumas requerem mais atenção. Uma característica dessa variante, é atingir um público mais jovem e, ao mesmo tempo, fazer com que a internação se prolongue um pouco mais. Isso está em fase de estudo científico, mas são sinalizações”.
O alerta para os mais jovens vem a partir de estudos conduzidos pela UFMG no município, em parceria com a Prefeitura. “Em junho e julho do ano passado, identificamos neste público da mão de obra ativa, de 19 anos até próximo dos 50 anos, que a cada três pessoas, uma tem comorbidade. A tendência de termos jovens internados é muito grande. Nós estamos pedindo para terem muita atenção”, disse.
Críticas
Viana criticou a gestão da pandemia pelo Governo Federal, que para ele, “chega até ser constrangedor vivermos em um país que tem inúmeros cientistas, uma base industrial, estatal inclusive, que tem condições plenas de produzir uma vacina, e nós ficarmos dependentes de outros países para receber a vacina”.
O Brasil poderia estar comercializando, depois de imunizar toda sua população, esse imunizante. O Brasil tem capacidade, tem conhecimento, tem pessoas para produzir a vacina. Faltou coragem, determinação dos nossos governantes, a nível nacional”.
O secretário lamentou, também, a pouca quantidade de imunizantes disponíveis para a vacinação. “Todos os municípios têm recebido uma quantidade insignificante [de vacinas], do ponto de vista do que seria ideal”, disse. “Pela primeira vez nós estamos realizando uma campanha de vacinação sem vacina”.
Compra de vacinas
No início do mês, a Prefeitura de Betim anunciou a compra de 1,2 milhão de doses da vacina russa Sputnik V, após o STF autorizar Estados e Municípios negociarem por conta própria a aquisição de imunizantes. A expectativa é que até abril os primeiros lotes sejam enviados. Augusto Viana, no entanto, não deu mais detalhes sobre a compra, alegando questões de sigilo contratual, nesta fase de negociações.
“Nós tivemos propostas da Índia, do México, da própria Sinovac, da China, e nós optamos estreitar relações em torno da vacina Sputnik. A partir daí, fizemos várias tratativas que vêm se desenrolando para a chegada do nosso imunizante. Infelizmente, não posso ficar detalhando, em função de termos várias cláusulas no nosso contrato, que não permite divulgarmos etapas desta transação. Mas a gente já adianta que estamos preparando pontos na cidade, e toda uma logística para fazer a imunização dessas pessoas em curto espaço de tempo”.
O secretário aproveitou a entrevista para prestar solidariedade às famílias que tiveram perdas, e para os profissionais que estão no enfrentamento à pandemia. “Nosso sentimento de pesar para estas 573 famílias que perderam um ente querido. Reforçar, de novo, nosso muito obrigado a todos os trabalhadores da saúde, a todos os servidores da Secretaria Municipal de Saúde, de outras secretarias da prefeitura, que têm ajudado e muito, a materializar nossas ações.
Por fim, reforçou o pedido para as pessoas, em especial, os mais jovens, evitar circular e aglomerar. “Se nós segurarmos mais um, dois meses, a vacina vai chegar. Nós esperamos que no próximo inverno não tenhamos mais casos como os que estamos vivendo”, finalizou.