Comitê enumera detalhes a serem ponderados, mas descarta cancelamento
Pela primeira vez, o Comitê Olímpico Internacional (COI) admite adiar a Olimpíada de Tóquio (Japão) – marcada, até o momento, para começar em 24 de julho – em função da pandemia do novo coronavírus (covid-19). Neste domingo (22), em nota oficial publicada após uma reunião de emergência do Conselho Executivo (por videoconferência), a entidade anunciou que iniciará uma “detalhada discussão” com o Comitê Organizador dos Jogos, autoridades japonesas, federações, detentores de direitos de transmissão do evento e patrocinadores, e que espera chegar a um consenso em, no máximo, quatro semanas.
“De um lado, há avanços significativos no Japão, onde as pessoas estão recebendo calorosamente o fogo olímpico. Isso pode fortalecer a confiança nos japoneses de que o COI pode, com certas restrições de segurança, organizar os Jogos no país respeitando os princípios de salvaguarda da saúde de todos os envolvidos. De outro, há um aumento dramático no número de casos da covid-19 em diferentes países e continentes. Isso nos levou a concluir que o COI precisa dar mais um passo no planejamento de seu cenário”, relatou a nota.
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Segundo o Comitê, há detalhes que precisam ser levados em conta na decisão de um adiamento, como as reservas feitas em hotéis, a necessidade de adaptar o calendário de pelo menos 33 modalidades olímpicas. “Eu sei que essa situação sem precedentes deixa vocês (atletas) com muitas questões. Também sei que essa abordagem racional, talvez, não siga a linha das emoções que vocês estão passando. Nossa base de informação, hoje, é que uma decisão definitiva sobre a data da Olimpíada ainda seria prematura”, admitiu o presidente do COI, o alemão Thomas Bach, em carta também publicada no site da entidade.
O dirigente reforçou que a força-tarefa que discutirá o futuro dos Jogos terá participação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ele ainda descartou o cancelamento do evento. “Não resolveria o problema de ninguém, nem está em nossa agenda. Cancelar a Olimpíada seria destruir o sonho de 11 mil atletas de 206 países, da equipe olímpica de atletas refugiados, de atletas paralímpicos, de técnicos, médicos, dirigentes, parceiros de treino, familiares e amigos”, concluiu Bach, ex-esgrimista e medalhista olímpico.
A mudança de postura do COI, que vinha mantendo o início dos Jogos na data original, dá-se após uma semana de pressão de atletas e entidades olímpicas pelo mundo pedindo o adiamento. O Comitê Olímpico do Brasil (COB) foi um dos que se posicionou contrário à manutenção da abertura da Olimpíada em julho deste ano.
Paralimpíadas
O Comitê Paralímpico Internacional (IPC, sigla em inglês), presidido pelo brasileiro Andrew Parsons, também se manifestou neste domingo (22). Em nota, o dirigente disse que a entidade “e, certamente, todo o movimento paralimpico, apoiam totalmente” a decisão do COI de estudar o adiamento dos Jogos. A Paralimpíada, até o momento, tem abertura marcada para 25 de agosto.
“A vida humana é mais importante que tudo. No momento, é vital que todos, incluindo atletas, fiquem em casa para evitar que se espalhe mais essa doença horrível que está impactando o mundo”, declarou Parsons.