Pedro Leal (à esquerda), Norton e Dinno (centro e direita), em apresentação pela internet (Imagem Reprodução/YouTube)
Pedro Leal (à esquerda), Norton e Dinno (centro e direita), em apresentação pela internet (Imagem Reprodução/YouTube)

Nenhum setor ou categoria ficou imune às consequências da pandemia da Covid-19. Todos foram afetados de alguma maneira. Aos poucos, bem lentamente, o comércio e o serviço retomam suas atividades. Mas um setor ainda tem um futuro incerto: o do entretenimento.

Segundo a Associação Mineira de Eventos e Entretenimento (AMEE), são movimentados R$ 90,6 bilhões por ano pelo setor. O Agenda Betim conversou alguns cantores da cidade, que são uma parte deste universo, e que estavam presentes em praticamente todos os bares das regiões boemias e em outros eventos.

Vinícius Kalango, que há 24 anos vive da música, teve que trocar os bancos dos bares pelo banco do carro. Agora ele trabalha como motorista por aplicativo. Kalango conta que após três meses viu sua reserva financeira se esgotar. “A minha reação, acho que foi como a de todos. Que [a pandemia] seria passageira. Quando se passou um mês.. segundo mês e hora que entrou o terceiro mês, eu vi que a gordurinha foi toda queimada, que vi que seria duradouro”.

Pedro Leal, outro cantor conhecido nos bares da cidade, usou suas aplicações e também passou a trabalhar na loja de sua mãe. “Esse período foi bastante difícil. Porque as contas vinham e eu não tinha renda para cumprir com o pagamento delas […] Eu tive que tirar dinheiro de aplicações”, comenta.

Com a pandemia, a dupla Norton e Dinno teve que interromper os projetos e com a falta de dinheiro, as contas se acumularam. “Naquele momento, em março, a gente não tinha feito planejamento financeiro. Inclusive, estávamos em processo de financiamento de um projeto”, conta Norton. “Eu e o Dinno moramos com nossas mães e graças a Deus recebemos o apoio da família. A gente foi apertando as contas”, finaliza.

Parick e Rafael é outra dupla que está passando apuros com a falta dos shows. Ambos recebem o auxílio emergencial e também contam com o apoio das esposas. “Tivemos alguns momentos tristes até a ponto de depressão, pois só estávamos em casa parados, mas também pela tristeza de tantos mortos. Pegamos com Deus e a nossa família, esperando acordar deste pesadelo”.

Lives

Pedro Leal conta que as lives foram benéficas para manter o contato com o público e ainda ajudar o próximo com doações para instituições sociais. No entanto, em apenas duas ocasiões, conseguiu ter retorno financeiro, quando foi contratado para fazer uma live de uma empresa privada e, através de patrocínio em outro evento. Já a dupla Norton e Dinno, pelo contrário, teve prejuízo com os custos das transmissões.

Pedro Leal participou de lives durante o período de isolamento (Imagem Reprodução/YouTube)

Apelo

No início da semana, Vinícius Kalango lançou uma corrente virtual pedindo o retorno de shows nos bares da cidade. O cantor marcou outros artistas para compartilhar as dificuldades enfrentadas pela classe e obter apoio das autoridades.

Vinicius Kalango (Imagem Reprodução/YouTube)

Minas Consciente

Na quarta-feira (14), o Governo de Minas alterou a classificação da macrorregião Centro para Onda Verde, na qual a Grande BH está inserida, no Minas Consciente – programa de flexibilização das atividades econômicas e que Betim faz parte desde julho. Nesta fase, setores ligados ao entretenimento, como cinemas, museus, shows em bares, entre outros, podem retornar.

No entanto, quando se analisa a microrregião de Betim (composta por mais 12 municípios), a região está inserida na Onda Amarela. No Minas Consciente, cabe aos municípios a decisão final sobre como irá proceder na flexibilização das atividades e cada prefeito pode decidir seguir a macro ou microrregião. Em nota, a Prefeitura de Betim informou que está avaliando quais atividades serão liberadas, caso a cidade avance para a Onda Verde.

Como não fazem parte do programa estadual, Belo Horizonte e Contagem, por exemplo, seguem protocolos de flexibilização próprios, inclusive, com permissão de apresentações musicais em bares.

A dupla Patrick e Rafael conseguiu marcar shows em Belo Horizonte (Imagem Reprodução/Facebook)

Lei Aldir Blanc

Aprovada em junho pelo Congresso, a Lei Aldir Blanc só foi regulamentada em agosto pelo Governo Federal, e os R$ 3 bilhões destinados ao setor cultural (profissionais e espaços culturais) teve sua distribuição para estados e municípios iniciada em setembro.

A Fundação Artístico-Cultural de Betim (Funarbe), responsável pela distribuição dos recursos para o setor na cidade, informou através de nota, que os projetos que estão enquadrados no inciso II do artigo 2º da Lei Aldir Blanc nº 14.017/2020, que diz sobre o repasse destinado à manutenção dos espaços culturais, já estão no final da fase de análise, inclusive, os primeiros repasses já começaram a ser distribuídos.

Ainda segundo a Fundação, os projetos dos editais (art. 2º, inciso II e III) ainda estão em análise junto à comissão. A previsão é que o resultado saia em 30 dias a contar da data do encerramento do prazo de entrega dos editais em 29/09/2020. Quanto ao julgamento, a comissão tem 15 dias, prorrogáveis por mais 15 dias para analisar a documentação.

Mais informações sobre os recursos da Lei Aldir Blanc podem ser consultados no site da Funarbe (http://www.funarbe.betim.mg.gov.br).

 

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